Você já pensou para pensar em como são produzidas as roupas que você usa? Em quais são os impactos da indústria da moda no meio ambiente? E no destino das milhares de roupas que deixam de ser usadas, como o vestido de noiva? Nós do Usei Uma Vez conversamos com Eloisa Artuso, Diretora Educacional do Fashion Revolution Brasil, sobre moda consciente e sobre o papel de cada um na mudança da indústria da moda.
“A indústria da moda é uma das maiores poluidoras do mundo, responsável por 20% da poluição das águas e por 3% da emissão global de CO2. O cultivo do algodão utiliza cerca de 25% dos agrotóxicos no mundo. Hoje, compramos mais roupas e gastamos menos nelas: consumimos em média 400% a mais do que há 20 anos. Modelos de produção em grande escala, com muita frequência e em grande velocidade, também sobrecarregam os trabalhadores da indústria, que muitas vezes veem seus direitos violados, são colocados em situações degradantes e insalubres, com baixíssima remuneração para saciar o desejo de consumo do mundo”, explica Eloisa.
Dessa forma, como cada um pode ajudar a mudar a indústria da moda?
De acordo com Eloisa, “pequenas mudanças individuais de atitude podem causar um grande impacto positivo”. Para começar, é preciso repensar os hábitos:
- consumir menos e com mais qualidade;
- buscar saber quem fez as roupas e sob quais condições, de onde elas vieram. Se não encontrar informações suficientes nos sites e canais de comunicação da empresa, entrar em contato direto e perguntar;
- exigir transparência das marcas que consome;
- buscar alternativas como bazares de troca ou peças de segunda mão;
- valorizar o produtor local e matérias-primas de baixo impacto.
Moda consciente: casamento sustentável
Para as mulheres que querem um casamento sustentável, já demos algumas dicas aqui no blog do Usei Uma Vez com opções que vão desde a confecção dos convites até o horário da cerimônia. A escolha de um vestido de noiva usado, por si só, já é uma opção sustentável por parte das noivas que buscam uma cerimônia mais consciente.
Sobre a escolha do vestido de noiva, Eloisa Artuso recomenda: “Emprestar, alugar, comprar de segunda mão, transformar um usado/vintage, ajustar algum vestido antigo da família… Se for comprar um novo: atenção à matéria-prima, que ela seja de baixo impacto, certificada, reciclada, reaproveitada, local, etc., e que ele seja feito com uma segunda vida útil em mente, para que possa ser transformado, cortado, rebordado, adaptado e usado em outras ocasiões, prolongando a sua vida útil”.
Por que é preciso revolucionar a moda?
O movimento Fashion Revolution foi criado em 2014, após o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que causou a morte de 1.134 trabalhadores da indústria de confecção e deixou mais de 2.500 feridos. Profissionais da moda se sensibilizaram com a tragédia e, por meio da iniciativa Fashion Revolution, buscam conscientizar sobre os impactos socioambientais do setor, celebrar as pessoas por trás das roupas, incentivar a transparência e fomentar a sustentabilidade.
No Brasil, o movimento existe desde 2014. Em 2018, foram lançados dois importantes projetos:
- o Fashion Revolution Forum, o primeiro do Brasil criado exclusivamente para explorar os cenários da moda consciente, com o objetivo de fomentar a pesquisa e o desenvolvimento sustentável na indústria;
- o Índice de Transparência da Moda Brasil, uma análise de 20 grandes marcas e varejistas do mercado brasileiro, classificadas de acordo com a quantidade de informações disponibilizadas sobre suas políticas, práticas e impactos sociais e ambientais.
“Acredito que o crescimento do movimento e a difusão de suas mensagens seja nossa maior conquista, que na verdade, é uma conquista contínua, que evolui e alcança um público maior a cada ano. Nossas campanhas aumentam de maneira exponencial, hoje estamos presentes em quase 50 cidades e mais de 70 faculdades ao redor do país, durante a Semana Fashion Revolution 2018, foram mais de 700 ações organizadas por essa rede. Nosso maior desafio é a falta de recursos, somos uma organização ainda jovem e toda a nossa equipe (e os mais de 400 colaboradores pelo Brasil) trabalham de maneira voluntária. Temos uma equipe incrível e muito dedicada para manter a constância e consistência do trabalho, mas é realmente um grande desafio casar a dedicação ao movimento com a dedicação aos outros projetos que andam em paralelo para cada um”, conta Eloisa.
Quer conhecer mais sobre moda consciente e sobre as propostas do Fashion Revolution? Acesse o site.